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Funai procura tribos isoladas no Amazonas

terça-feira, 27 de outubro de 2009


Expedição com 12 especialistas mapeará área de 8 milhões de hectares ao longo do Rio Boia


A Fundação Nacional do Índio (Funai) vai realizar uma expedição de dois meses, a partir de novembro, em busca de índios isolados na Amazônia. A área que será mapeada por 12 indigenistas, índios e mateiros é de cerca de 500 mil hectares, na extensão do Rio Boia, no nordeste do Vale do Javari, região de 8 milhões de hectares no ocidente do Amazonas.



No Vale do Javari, vivem cerca de 4 mil índios identificados das etnias korubo, mayoruna, marubo, matis, kanamari e kulina. Na região, em meio à floresta fechada, é estimada a existência de mais de 90% dos 68 possíveis grupos indígenas isolados.



"Não sabemos como vivem, que língua falam, as formas de caçar e hábitos culturais. A filosofia da Funai, contudo, não é entrar em contato com esses povos no intuito de aculturá-los, mas apenas de identificar sua existência, mapear hábitos e, principalmente, demarcar suas terras", explicou o gerente da Coordenação-Geral de Índios Isolados da Funai, Elias Bigio.



Em julho, segundo Bigio, no sobrevoo sobre a área foi avistada a aldeia dos korubos, que no fim da década de 90 foi identificada com cerca de 9 malocas e cerca de 300 pessoas. No sobrevoo, foram avistadas agora apenas duas malocas, o que pode indicar a redução do número de pessoas da etnia, já que não há referências apontando possível migração do grupo.



O coordenador da expedição pelo Rio Boia será o indigenista paranaense Fransciscato Rieli, que tem 22 anos de experiência na busca de povos isolados. "Estamos acostumados com longos períodos dentro da selva e a expectativa é de passar festas de fim de ano entre árvores e igarapés", estima Rieli. "Uma das grandes emoções foi em 1988 ter ajudado a demarcar os quase 400 mil hectares do povo massako, em Rondônia, depois de quase três anos percorrendo igarapé por igarapé para estudar de longe como viviam aquelas pessoas."



Rieli destaca que esta expedição que identificou os massako foi ainda a primeira na filosofia revisada da Funai de contato mínimo ou nenhum com o povo identificado. Boa parte das etnias descobertas antes de 1987 hoje está perto da extinção.



Em 1976, por exemplo, quando a etnia matis foi contatada pela Funai, mais da metade da população morreu ao ter contato com doenças "dos brancos" - em geral ribeirinhos que vivem nas proximidades das aldeias ou mesmo indígenas de outras etnias. Em 1983, os matis eram apenas 87 e hoje são aproximadamente 300, mas já com casamentos com outros grupos.




Invasão



Quase 150 índios da etnia terena invadiram ontem a Fazenda Petrópolis, de 36 mil hectares, em Miranda, a 180 quilômetros de Campo Grande (MS). O local pode ser desapropriado pela Funai, mas apenas um dos proprietários aceita o acordo pelo qual receberia só o valor das benfeitorias - os demais exigem também o pagamento pela terra bruta.



No outro extremo do Estado, em Sidrolândia, 500 terenas mantêm ocupadas desde sábado as fazendas 3R, Cambará e Querência. Ontem 50 indígenas tentaram tomar um carro e apreender as armas de uma patrulha da Polícia Militar, mas foram dispersados.



(Colaborou João Naves de Oliveira)


(O Estado de SP, 22/10)

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